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Fernando Alonso: o piloto que transformou sua carreira em marca

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Diogo Moraes

Em um esporte onde a velocidade e os resultados costumam determinar o tempo de vida útil de um atleta, Fernando Alonso é um ponto fora da curva. Campeão mundial de Fórmula 1 em 2005 e 2006, o espanhol ultrapassou os limites do volante e se consolidou como um dos maiores cases de branding pessoal do esporte mundial.

Alonso não construiu apenas uma carreira. Ele construiu um nome que resiste ao tempo, aos maus momentos, às trocas de equipe e até mesmo aos hiatos. Enquanto muitos pilotos desaparecem dos holofotes assim que perdem performance, ele continua sendo pauta, presença e influência.

E isso não é coincidência. É construção estratégica.

O início: performance como porta de entrada

Como todo atleta, Alonso começou a se destacar pela performance. Sua ascensão meteórica desde os karts até a Fórmula 1 já mostrava sinais de alguém que sabia se posicionar com inteligência. Aos 24 anos, tornou-se o mais jovem campeão mundial da F1 na época, colocando a Espanha no mapa do automobilismo de elite e quebrando a hegemonia de Michael Schumacher.

Esse momento não apenas o projetou para o topo do esporte, como o ajudou a estabelecer os primeiros tijolos da sua marca pessoal: ousadia, inteligência e frieza estratégica. Mas o que viria depois seria ainda mais relevante para sua longevidade.

O desafio das equipes e o branding que resiste

Ao contrário de outros pilotos que viveram a maior parte da carreira com carros vencedores, Alonso passou por diversas fases complicadas: carros fracos, decisões políticas internas, rivalidades intensas (como com Lewis Hamilton na McLaren) e anos inteiros fora dos pódios.

Mas mesmo nos momentos em que não vencia, ele continuava sendo manchete. Seu nome seguia entre os mais citados, sua opinião ainda influenciava os rumos da categoria e as equipes continuavam fazendo fila para contar com ele.

Isso acontece porque Alonso entendeu, cedo, que performance é o que abre portas, mas marca pessoal é o que mantém elas abertas. Quando muitos se apagavam após uma temporada ruim, ele usava os bastidores para reforçar sua narrativa.

Ele não era só piloto. Era personagem.

Durante os anos em que a McLaren enfrentava sérios problemas com o motor Honda (2015–2018), Alonso protagonizou cenas que viralizaram nas redes sociais, como tirar um “cochilo” na beira da pista ou brincar com a própria frustração no rádio.

Para alguns, isso era deboche. Mas, no fundo, era posicionamento de imagem.

Enquanto outros se calavam para “não queimar o filme”, Alonso dominava o enredo. Ele era real, direto, crítico. Sua autenticidade virava conteúdo. Ele não competia apenas na pista, mas também no terreno da atenção, o que hoje sabemos ser um dos ativos mais valiosos de qualquer marca.

A reinvenção estratégica

Após deixar temporariamente a Fórmula 1 em 2018, Alonso fez o que poucos teriam coragem de fazer: buscou novos desafios fora da zona de conforto. Competiu em Le Mans, venceu as 24 Horas duas vezes, correu o Rali Dakar, tentou a Indy 500 e ainda criou sua própria marca de roupas, a Kimoa.

Enquanto a maioria dos atletas se aposentaria ou simplesmente desapareceria, Alonso usou esse período para reafirmar sua identidade como marca global. Ele era mais do que um piloto de F1, era um símbolo de versatilidade, persistência e relevância.

O retorno com mais força

Em 2021, Alonso voltou à Fórmula 1 pela Alpine (antiga Renault). Não voltou só com experiência, voltou com um novo tipo de capital: capital simbólico. O nome Fernando Alonso carregava peso, história e legado. Em 2023, ele assinou com a Aston Martin e, mesmo sem vencer corridas, voltou ao pódio e ao centro das conversas.

Marcas, fãs e a própria categoria passaram a tratá-lo como uma lenda viva. Ele não era mais apenas o cara rápido. Era o nome que carrega audiência, respeito e influência.

O que empreendedores e atletas podem aprender com ele

A trajetória de Alonso ensina algo poderoso: branding pessoal não é sobre autopromoção. É sobre construir percepção ao longo do tempo.

Ele nunca tentou ser perfeito. Ele foi real. Em vitórias e derrotas, soube comunicar quem era, o que defendia e por que merecia atenção.

Sua imagem nunca ficou refém do momento atual. E isso é a essência de uma marca bem construída: ela sobrevive a ciclos ruins porque se apoia em valores, posicionamento e consistência.

Conclusão: a marca Fernando Alonso

Hoje, aos 43 anos, Fernando Alonso continua sendo um ativo valioso na Fórmula 1, não apenas pela habilidade técnica, mas pelo que representa. Ele mostra, com clareza, que autoridade se constrói com presença e posicionamento, não só com resultados imediatos.

No fim das contas, a história dele não é só sobre corrida. É sobre como transformar reputação em legado. E esse é o tipo de branding que todos deveriam mirar: aquele que permanece, mesmo quando os holofotes mudam de direção.

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